sábado, 6 de agosto de 2016

A salto

A diáspora, tem como destino, principalmente, países como a França e a Alemanha: os países mais batidos pela II guerra. Os mancebos refratários, com a cumplicidade dos progenitores, desertam da obrigatoriedade, ‘voluntária’, de se apresentarem para cumprir o serviço militar e, nos esconsos da noite, com a ajuda de ‘passadores’ pagos a peso de ouro, atravessam as fronteiras «a salto», acoitando-se, clandestinamente, nos subúrbios que lhes são oferecidos como destino, ficando, à deriva, entregues a ‘engajadores’ sem escrúpulos que os despoja do último tostão, sendo empurrados para os tugúrios da exploração, continuando, ainda, a retribuir-lhes «o acolhimento» com o esforço do seu trabalho na construção de cidades ao ponto de muitos serem obrigados a viver em barracas dos conhecidos bidonvilles¹ ou dormir debaixo das pontes.

«Os que dão «o salto», fugindo à guerra, vão ganhar a vida; os que vêm para a guerra, provavelmente, vão perdê-la»

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¹Bairros de Lata. Nesta época, também as nossas cidades, principalmente a Lisboa que eu conheço, estavam juncadas, ao seu redor, de toscas barracas de madeira e zinco, sem água, sem luz, nem esgotos, coabitadas por numerosas famílias de «migrantes» oriundas do norte, das beiras e outros cantos do país, que aí residiam promiscuamente.

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