terça-feira, 16 de janeiro de 2018

A poucos dias de passar à “peluda”, dei uns tiritos ao alvo




        1968
09 de Outubro
          Quarta-feira, 20h00





Café Tamar. Está um calor insuportável e, neste momento, estou um pouco cansado por já não estar habituado ao esforço físico que despendi esta manhã.
        A Companhia decidiu que todos os elementos, a ela adstritos, deveriam ter um pouco de instrução de armas, (G3), especialmente para o pessoal que faz serviços ao quartel.
Vão para o treino uns tantos elementos por dia, para as secções não ficarem sem pessoal.
Da minha secção, hoje, fui eu e o Aguiar, nomeados pelo major.
Da parte de manhã tivemos instrução teórica de armas; como se desarma e arma uma G3 e o manejo da mesma. De tarde, fomos fazer tiro.
Perdoem-me a ironia, mas estava a ver que passava por esta guerra sem dar ao gatilho. Ao menos, poderei dizer que, a poucos dias de passar à “peluda”, dei uns tiritos ao alvo.
Durante breves momentos recordei os meus tempos de instrução, na recruta, em Elvas e Torres Novas, que já lá vão mais de quatro anos. Desde aí nunca mais dei um tiro, mas a pontaria ao alvo estava ainda muito certeira.  

Durante a madrugada levantei-me para ir tomar um banho por me ter masturbado durante o sono ao sonhar com uma rapariga conhecida tendo-me levantado de manhã muito mal disposto. Isto acontece-me com alguma frequência e, no final, não é nada agradável. Pudera, não passa de um sonho! 

       Continuo a trabalhar assiduamente em desenho artístico. O major C. Álvares gostou do meu trabalho e ontem de manhã telefonou-me para de tarde passar pelo seu gabinete que o capitão, que com ele trabalha, quer encomendar-me o retrato da esposa

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