segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Ela arranjou outro marmanjo, com certeza



        1968
31 de Agosto
Sábado, 13h00


    Teso que nem um carapau. O comandante da Companhia resolveu mandar pagar-nos o pré na próxima Segunda-feira e, pelos vistos, só lá para o fim da tarde. Pois é! Como ele recebe ao dia vinte. Comenta-se que assim o dinheiro está no banco mais uns dias a render. 
Já não é a primeira, nem a segunda vez que isto acontece. Com o comandante anterior, esta situação nunca acontecia.

Ultimamente não tenho trabalhado em desenho geométrico. Tenho sim, trabalhado em desenho artístico e, feito uns retratos muito bons, sob o meu ponto de vista.

Neste momento estou com uma terrível dor de cabeça por causa dos ouvidos. Ando em tratamento no hospital e na próxima Segunda-feira vou fazer-lhes uma lavagem interna.

Ontem, “lerpei” com o correio. Não tive correio algum. Também é da maneira que não escrevo a ninguém. Para a minha namorada resolvi ficar na retranca. Ela própria disse-me, na sua última carta, para nunca mais lhe escrever e eu assim vou fazer. Ela arranjou outro marmanjo, com certeza. Mais tarde ainda serei capaz de lhe escrever e saber porquê dessa sua atitude tão espontânea.
Reconheço que, as mais das vezes, não nos entendêssemos muito bem, mas, agora, neste momento, não me vou preocupar; tenho mais em que pensar. Se tudo correr como espero, talvez em Outubro próximo nos consigamos entender. E se não for em Outubro será em Novembro, se Deus quiser. Vou ter de aguentar pianinho e ver se as coisas correrão a meu jeito. Estou dependente do chefe da secção, major R. Júnior, e do outro ‘mesquinhas’, major V. Santos, que está sempre a insistir em não me deixar embarcar enquanto não chegar o meu substituto.

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