1968
31 de Agosto
Sábado, 13h00
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Teso que nem um
carapau. O comandante da Companhia resolveu mandar pagar-nos o pré na próxima
Segunda-feira e, pelos vistos, só lá para o fim da tarde. Pois é! Como ele recebe ao dia vinte.
Comenta-se que assim o dinheiro está no banco mais uns dias a render.
Já não é a primeira, nem a segunda vez que isto acontece.
Com o comandante anterior, esta situação nunca acontecia.
Ultimamente não tenho trabalhado em desenho geométrico. Tenho
sim, trabalhado em desenho artístico e, feito uns retratos muito bons, sob o
meu ponto de vista.
Neste momento estou com uma terrível dor de cabeça por
causa dos ouvidos. Ando em tratamento no hospital e na próxima Segunda-feira
vou fazer-lhes uma lavagem interna.
Ontem, “lerpei” com
o correio. Não tive correio algum. Também é da maneira que não escrevo a
ninguém. Para a minha namorada resolvi ficar na retranca. Ela própria disse-me,
na sua última carta, para nunca mais lhe escrever e eu assim vou fazer. Ela
arranjou outro marmanjo, com certeza.
Mais tarde ainda serei capaz de lhe escrever e saber porquê dessa sua atitude
tão espontânea.
Reconheço que, as mais das vezes, não nos entendêssemos
muito bem, mas, agora, neste momento, não me vou preocupar; tenho mais em que
pensar. Se tudo correr como espero, talvez em Outubro próximo nos consigamos
entender. E se não for em Outubro será em Novembro, se Deus quiser. Vou ter de
aguentar pianinho e ver se as coisas correrão a meu jeito. Estou dependente do
chefe da secção, major R. Júnior, e do outro ‘mesquinhas’, major V. Santos, que
está sempre a insistir em não me deixar embarcar enquanto não chegar o meu
substituto.
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